O grande diferencial em
toda história bíblica resume-se na virtude que envolve a vida de um líder que
possuem uma vida em santidade, uma plena sabedoria que discerne, vive a
plenitude do Espírito e desenvolve um senso de servilidade em equilíbrio. O
texto adaptado de Russel Shedd traça o perfil do homem que Deus usa em suas
igrejas, não só como organizações, mas também como organismos espirituais que
demonstram o caráter dos seus liderados espelhados no líder eficaz.
As razões que geram confiança nos liderados e estes
passam a seguir seus líderes podem alterar de uns para outros, porém no modelo
bíblico, o caráter é o ponto principal na liderança efetiva. Liderar é ir muito
além de gerenciar, enquanto o primeiro prioriza a eficácia, a direção e o
propósito num longo prazo, o segundo enfatiza o controle, a eficiência e as
regras que maximizam o lucro. O autor aponta traços que acompanham o caráter de
um homem usado por Deus, são eles: Santidade – na qual ele precisa ser
sensível ao pecado e possuir boa reputação, racionalizar os erros cometidos
para não enfraquecer a consciência; Cheio do Espírito Santo – a
realidade do Espírito na vida de um líder cristão é outro traço forte no
caráter humano, pois através desse contato espiritual o ser humano encontra
zelo e prova que ele não está sozinho; Sabedoria – esta é a qualidade
que uma igreja precisa receber através do seu líder, e ela é mais do que mera
inteligência, não usando a razão e a experiência para resolução de problemas,
mas a pura sabedoria do alto, plena em misericórdia e bons frutos do Espírito; Fé
– é um traço espiritual central para todo bom líder e exigida aos selecionados
para conduzir a igreja; Amor – o amor está presente no coração de um
líder eficaz e esta qualidade é essencial na vida exemplar de um líder cristão;
Servilismo – a disponibilidade é processo fundamental na trajetória de
um líder autêntico, não privando a responsabilidade com o próximo, nesse caso a
igreja de Cristo, enraizada em motivos corretos para glória de Deus.
A liderança autêntica, conforme o autor não precisa usar
da força bruta ou do engano para com seus liderados, mas eles constroem sua
posição através da confiança que produz bons líderes que beneficiarão a
comunidade eclesiástica local, da qual eles são líderes.
A Palavra de Deus é
recheada de exemplos e também de sinônimos que refletem à liderança, tanto a
boa, quanto a má. O autor aos Hebreus argumenta com seus leitores a autoridade,
honestidade e zelo com a qual os líderes cumprem sua vocação entre seus
seguidores (Hb. 13;17).
A Bíblia é o guia para a perfeita liderança cristã e o
alicerce para os que querem construir suas vidas como um grande representante
do Reino de Deus aqui na terra; Em I Pedro ele orienta: “Sede santos, porque eu
sou santo”, isto demonstra o padrão exigido por aqueles que servem ao Deus
vivo, e não somente isso, em especial os que lideram. Sem dúvida a maior
necessidade hoje da igreja é a liderança, pois o grave problema enfrentado por
muitas igrejas locais na atualidade é a não conformidade dos padrões bíblicos
de muitos líderes cristãos nomeio evangélico. O chamado à liderança é um padrão
constante apresentado na Bíblia. Na lista de exigências para o ofício pastoral
apresentado por I Timóteo 3; 2 as palavras irrepreensível, autocontrole,
prudente, respeitável, apto para ensinar, amável e pacífico, entre outras, são
alguns adjetivos que fortalecem o padrão bíblico para o perfil de um líder
aprovado por Deus.
Ele usa de uma sabedoria, não terrena, mas dos céus, para
se posicionar perante Deus e os homens, os quais ele prestará conta de seus
feitos naquele Grande Dia (Tg. 3; 17); Devem ser cheios do Espírito Santo,
assim como foram os escolhidos para o diaconato em Atos capítulo 6. A Bíblia
sempre aponta para uma liderança transformacional, onde o próprio líder
necessita passar por processos sucessivos de reciclagem pessoal e a cada dia
adaptar-se melhor ao chamado de Deus em sua vida (Dn. 1; 15) – aqui a
capacidade de Daniel para liderar aumentou com a convicção que ele próprio
tinha de Deus; ela percorreu desde sua mocidade e aperfeiçoou-se com o tempo
maturação humana.
Contudo, um grande aspecto da liderança cristã é o
servilismo, ou a disponibilidade do líder para executar a obra a qual lhe foi
entregue, sem autopromoção, sem ambição, mas com humildade, onde o próprio
apóstolo Paulo utiliza o termo ‘servo’ enfatizando essa atitude (I Co. 4; 1),
ou seja, nenhuma função na casa do Senhor deve ser desempenhada sem ser
acompanhada por um ‘espírito de serventia’ cristã. Pode-se conhecer uma pessoa
dando-lhe poder – esse adágio popular descreve no meio evangélico as brechas
que surgem entre as escolhas de líderes preocupados somente com o poder e o
sucesso daqueles que realmente fazem a diferença nestes dias hodiernos.
Jesus, sem dúvida é o exemplo maior de líder e de humildade
durante o seu ministério humano (Fp 2; 5 a 8), pelo qual outros líderes
bíblicos seguiram seu exemplo e cada um com suas particularidades: Samuel um
líder democrático (I Sm 8), Abraão um líder carismático (Gn 17; 1 a 8), Moisés
um líder centrado nas pessoas (Ex 5; 22 e 23) e etc. O que não falta na Bíblia
são exemplos de lideranças contrárias aos padrões éticos cristãos, um caso em
particular é o de Saul, um líder autocrata (I Sm 15; 22 e 28), escolhido a
pedido do povo, mas sem o prévio consentimento divino, contudo, nem sempre as
escolhas humanas são as melhores, mas quando Deus realiza todo o processo,
líder e liderados são compensados.
Vive-se em uma
sociedade que é rodeada por exemplos de líderes, homens e mulheres que
administram organizações, desde a pequena ao grande porte, contudo conduzem
seus processos de gestão pensando somente na fama e na busca do lucro imediato,
não valorizam o capital humano, que deveria ser sua maior riqueza; muitas
igrejas locais vivem esse mal deste século e infelizmente recorrem a ‘fórmulas’
que se baseiam no prestígio pessoal e na promoção do líder somente. Práticas
essas contrárias aos ensinos de Jesus Cristo, o líder por excelência.
A condição morna de muitos líderes atuais força ao uso
dos púlpitos somente para apelarem e exaltarem o ego humano, enquanto que a
Palavra doutrinária e verdadeira não alcança conforto nos corações dos
liderados que são motivados às questões pessoais. O próprio Jesus colocou de
lado sua própria vontade para fazer a vontade do Pai, um exemplo de resiliência
e serviço cristão, pois, ser líder é ser servo submisso e ser principalmente
honesto consigo mesmo. O verdadeiro líder cresce a partir de uma aptidão eficaz
de suas habilidades preservando sua autoridade humilde e complacente com as
doutrinas cristãs.
Uma das coisas mais importantes da liderança cristã é o
exemplo, ou seja, saber conduzir os liderados prestando um primoroso trabalho,
sem brechas, sem fendas que comprometam sua integridade, como homem, como
família, como cidadão, como cristão e principalmente como líder. Liderar parte
da premissa de que primeiro houve um chamamento baseado em uma promessa
existente na vida humana da parte de Deus e depois da boa execução dessa
chamada durante sua vida. Há muitos chamados, mas pela vontade humana, tal qual
Saul são escolhas do acaso, da necessidade de apenas preencher uma vaga
existente sem esperar o plano Divino, são escolhas puramente da razão humana
sem a intervenção da fé, da promessa, da virtude e da autoridade e ordenança de
Deus.
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