domingo, 15 de junho de 2014

Presbítero, Bispo ou Ancião? Como Reter Tantos Talentos Humanos?

           
            Estivemos estudando neste domingo (15/06) a lição bíblica nº 11 do segundo trimestre de 2014 em todas as Igrejas Evangélicas Assembleias de Deus que utilizam a editora CPAD em suas escolas dominicais abordando a função Presbítero e seu ministério. Utilizando o texto base de Tito 1.5-7 e 1 Pedro 5.1-4 que admoestam o estabelecimento de presbíteros e o seu respectivo serviço na obra de Deus.
            Não é de admirar que haja uma quantidade enorme de presbíteros que desempenham suas funções por entre as Assembleias de Deus neste vasto Brasil e também no campo missionário, no entanto, em seu sistema de Governo, que se mescla entre o Episcopal e o Congregacional, percebe-se que há uma subcategoria criada pelas Assembleias de Deus dessa sublime função bíblica, ou seja, subpresbíteros. O texto da leitura bíblica em classe sugerida pelo comentarista da revista, pastor Elinaldo Renovato, trás como objetivo conceituar o termo e a função, valorizar o ministério e apontar para os deveres dos presbíteros, porém, até que ponto os atuais presbíteros podem exercer biblicamente seus ministérios? Nas bases de interpretações do verdadeiro significado da palavra presbítero decidiu-se, provavelmente em Convenções, que os mesmos seriam apenas auxiliares dos bispos ou pastores e mais um degrau a conquistar, contrariando o texto bíblico (Atos 20.28). Hierarquizaram a função de presbítero e colocaram o evangelista na posição intermediaria entre Pastor e presbítero, deixando de vez o sistema de governo congregacional e decididamente sendo episcopal, onde estes presbíteros não podem votar, tomar decisões, etc. (At 15.2), em reuniões estaduais, nacionais, mas somente evangelistas e pastores. Porque isso ocorreu?
            Com o crescimento das Assembleias de Deus, fato notório numa escala cada vez mais positiva, como reterem tantos talentos humanos que passaram a compor o rol de membros da mesma e por que não dizer de homens aptos ao ministério? Como toda organização, ainda que tendo como primazia o organismo espiritual e cristão, a igreja é regida por processos sociais e espirituais, os primeiros, mesmo que muitos não queiram ver, existem, e interfere na estrutura administrativa e organizacional, ou seja ela afasta-se de uma linha horizontal hierárquica, achatada nos processos como o era na igreja primitiva e segue rumo a uma cadeia de comando mais verticalizada onde existe o papel do pastor, no topo, e na sequencia vem os evangelistas, presbíteros, diáconos, auxiliares e porteiros, e por último o membro. Como reter estes talentos humanos? Ser presbítero na igreja primitiva não era função para qualquer um (Tt 1.6 e 7), pois a própria bíblia o compara ao ancião ou ao bispo. Essa categoria criada: subpresbíteros, homens que não têm a mesma autonomia de outras categorias já citadas aqui são tidas para fechar uma grande lacuna no meio ministerial das Assembleias de Deus, pois seriam homens com talentos espirituais e primorosos em conhecimento e que pelo grande crescimento das igrejas locais não tinham como contê-los dentro dos seus respectivos ministérios se não lhe atribuíssem uma função extra, mas não na autonomia da igreja primitiva.
            Nessa situação a Eclesiologia evoca ao verdadeiro significado da palavra presbítero, do grego ‘presbys’, que significa pessoa mais velha e sinônima de bispo, do grego ‘episkopos’, significando supervisor, de professor, do grego ‘didaskolos’ e de pastor, também do grego ‘poimem’ (Bíblia de Estudo Palavra-Chave, CPAD), conforme citado na própria lição e não despercebido no ensino do apóstolo Paulo que cuidou em administrar as igrejas locais por onde o evangelho expandia-se; uma de suas atribuições foi estabelecer presbíteros em vários lugares, identificando assim, o aspecto pastoral da função na igreja primitiva. A membresia na igreja Neo-Testamentária tinha uma grande influência na escolha dos seus liderados; líderes e igreja local andavam em perfeita sintonia, pois o sistema de governo, aparentemente Congregacional, dava margem para o corpo de Cristo participar mais efetivamente dessas escolhas, pois, é a Igreja que torna legítimo o ministério pastoral e não o oposto, e isto é Bíblico. O sistema atual não é próximo ao sistema de Governo Presbiteriano, pois existem hierarquias e bem definidas; certamente na Convenção Geral das Assembleias de Deus de 1937, em São Paulo, foram debatidas as questões relativas aos presbíteros e essa subcategoria, afirmando que não podiam ser considerados pastores – isto está no próprio auxílio bibliográfico II da referida lição, porém não explica o porquê de tirarem a ênfase bíblica de tão grande e importante função. Melhor fosse consagrar bem menos presbíteros (anciãos) e fossem revestidos de autonomias próprias de suas funções.

sábado, 14 de junho de 2014

VISÃO TEOLÓGICA DOS PENSAMENTOS PAULINO, PETRINO E JOANINO

 1 – A Teologia Neo Testamentária e sua Influência Pós-Moderna

            A teologia do Novo Testamento é interpretada segundo muitos eruditos como uma conseqüência da história da religião racionalista até a sua forma absoluta, descobrindo na Bíblia idéias religiosas que estavam em consonância com uma teologia dogmática aprimorada para os tempos modernos, não só uma teologia histórica, mas uma visão transcendente do Divino. Segundo Hegel (1813) apud LADD (2003, p. 18) “[...] o movimento do pensamento humano seguia o padrão dialético de uma posição (tese) para outra oposta (antítese); e da interação dessas duas emergia um novo discernimento ou aspecto da realidade (síntese)”. Mesmo que essa afirmativa pudesse influenciar muitos estudiosos de sua época e conseqüentemente da atualidade, muitos abandonam os pensamentos racionalistas para encontrar uma verdade eterna no Novo Testamento e nos movimentos históricos da igreja primitiva na revelação da sabedoria e do espírito em Jesus Cristo, acentuando uma reflexão teológica ortodoxa.
            Ainda conforme [1]Bultmann, “[...] a tarefa da teologia é a de descobrir um ‘conceptualismo’, cujos termos pudessem aproximar a mensagem do Novo Testamento à cosmovisão moderna” (BULTMANN, p. 253), ou seja, quando o cristianismo é privado de sua objetividade, cuja idéia fundamental é a intervenção livre e sobrenatural de Deus na própria história eclesiástica, se tornaria uma religião como outra qualquer, abstrata, ilusória e sem a autenticidade relida apenas pelos “olhos da fé”. Apoiando-se num esquema interpretativo existencialista, Butmann interpretava o Novo Testamento se valendo de métodos histórico-críticos, para eliminar do próprio texto os elementos resistentes ao sistema filosófico existencialista, ou mítico, expressão pela qual ele afasta-se teologicamente de uma formulação ortodoxa e evangélica comum, aceita pela maioria dos estudiosos, que (segundo ele) empregavam uma linguagem mitológica, a exemplo: “[...] vindo a plenitude dos tempos [...]” (Gl. 4.4b).
A concepção mítica do universo corresponde a exposição do acontecimento salvífico, que constitui o conteúdo verdadeiro da proclamação neotestamentária. A proclamação emprega linguagem mitológica: eis que é chegado agora o tempo final; “vindo a plenitude do tempo”, Deus enviou seu filho. Este um ser divino preexistente, aparece na terra como um ser humano, sua morte na cruz, a qual ele sofre como um pecador propicia expiação para os pecados dos seres humanos (BULTMANN, 1987, p. 253).
Essa linha de raciocínio dá margem a um ponto crítico na erudição de Bultmann que tende a transformar o pensamento cristão em um mero comentário a cosmovisão moderna. Toda a mensagem do Novo Testamento tem de ser repensada em categorias existenciais, e nisto o evangelho perde o seu valor e sua força, e passa a ser mais uma boa filosofia de vida. Essas novas abordagens teológicas naturalmente encontraram resistências dos círculos ortodoxos, não só dos que negavam a validade de uma perspectiva histórica, mas também daqueles que procuravam combinar o método histórico com uma fé firmemente apoiada na revelação. Também sob a influência da teologia de [2]Ritschl, a essência do cristianismo foi interpretada como uma religião puramente ético-espiritual, que foi proclamada e incorporada na vida e missão de Jesus. O Reino de Deus é o bem supremo, o ideal ético. O âmago da religião é a comunhão pessoal com Deus, como Pai.
Esta perspectiva "liberal antiga" chegou a influenciar até mesmo escritores conservadores. Tanto B. Weiss (Theology oflheNT, 1868, Ingl. 1903) como W. Beyschlag (NTTheology, 1891, Ingl. 1895) interpretaram Jesus primeiramente em termos espirituais, dando grande ênfase ao aspecto da centralidade da Paternidade de Deus. Esses homens podem ser considerados conservadores pelo fato de terem reconhecido a realidade da revelação e a validade do cânon; mas o quadro que apresentam de Jesus reflete elementos característicos do liberalismo. Eles também empregam o método dos "sistemas de doutrina", em que Weiss foi tão longe, a ponto de descobrir quatro períodos distintos de desenvolvimento teológico em Paulo, os quais trataram separadamente (LADD, 2003, p. 20).

            O liberalismo teológico opunha-se aos sistemas doutrinários, encontrando nos ensinos simples e éticos de Jesus, o elemento distintivo da teologia Bíblica, mesmo que seus representantes levassem, até certo ponto, considerando o ambiente religioso do cristianismo primitivo uma influência natural do judaísmo helenístico. [3]Otto Pfleiderer, corroborando com essa ideologia, pressagiou uma nova abordagem:
O escopo da teologia do Novo Testamento é a formulação de expressões das experiências religiosas vivas do cristianismo primitivo compreendido à luz de seu ambiente religioso, e não a formulação de verdades imperecíveis quer estas sejam mediadas por uma revelação sobrenatural, quer sejam descobertas pelo exercício do pensamento racional. Por esta razão, a conseqüência natural foi o deslocamento da Teologia do Novo Testamento em favor da história da religião no cristianismo primitivo (LADD, 2003, p. 21).

            Durante a década de 1920, um novo ponto de vista começou a tomar forma, o retorno contemporâneo à teologia Bíblica. “[...] A perda da confiança no naturalismo evolucionista, [...] uma reação contra o método puramente histórico que reivindicava uma total objetividade [...] e a recuperação da idéia da revelação” (LADD, 2003, p. 22), levou à convicção que a Palavra de Deus continha tanto a história quanto uma verbalização a respeito de um significado superior da mesma. A teologia liberal fora questionada mudando a natureza de estudos do Novo Testamento.
Nos anos seguintes, a crítica dos Evangelhos voltou-se para o estudo da tradição oral do evangelho (Formgeschichte ["a história das formas"]) em uma tentativa de descobrir como as leis que controlavam a tradição poderiam explicar a transformação do Jesus "histórico" no Cristo kerigmático (divino), üm resultado positivo desses estudos, extremamente relevante, foi o reconhecimento de que a crítica da forma não pôde encontrar, em qualquer registro da tradição do evangelho, um Jesus puramente histórico (isto é, humano). Porém, duas conclusões distintas resultaram dessa concepção. Por um lado, encontra-se o agnosticismo dos críticos da forma, como Rudolf Bultmann, um estudioso que considera o Jesus histórico tão profundamente obscurecido pelo Cristo da fé, que já não é possível conhecer quase nada a respeito da vida e da personalidade de Jesus. Bultmann só percebe uma descontinuidade entre o Jesus da História e o Cristo do kerigma, razão pela qual excluiu Jesus do tema da teologia do Novo Testamento (LADD, 2003, p. 23).

            Muita literatura foi produzida nestes últimos 20 anos sobre a Teologia do Novo Testamento, umas, com pouca influência, como foi o caso de escritores americanos que não contribuíram muito, mas diferentemente os alemães avançaram numa perspectiva criativa e abrangente, dividindo opiniões entre uma abordagem teológica de interpretação do Novo Testamento e uma abordagem estritamente científica.

2 – Uma abordagem às Teologias de Pedro, Paulo e João

            A teologia nasce à medida que os sucessores dos apóstolos começam a refletir sobre os ensinamentos de Jesus e a partir deles tentam explicá-los em novos contextos e resolverem polêmicas que ponham em contradição a crença e a conduta cristãs apostólicas. Os apóstolos deixaram seu legado escrito, pelos quais cópias foram imprescindíveis para termos em mãos tudo que existe hoje, falando de material que dão apoio ao conteúdo Bíblico, sendo assim, os primeiros teólogos cristãos foram os bispos e outros ministros e líderes de congregações do Império Romano, ou também conhecidos por “pais da igreja”. A teologia em si, assim como a ortodoxia correta surge justamente em um ambiente turbulento pelos desafios impostos aos ensinamentos cristãos por sectários que se apresentavam diante da igreja de Cristo.
            O ano de 70 DC – quando Jerusalém foi destruída – é um tempo transicional para a verdade do Evangelho. A Igreja Judia, formada no dia de Pentecostes, chegou ao seu fim (na verdade, já havia acabado; isso foi apenas tornado público naquela ocasião). A obra de João, entretanto, é um tanto diferente. Ele não ensina verdades dispensacionais. Em seu Evangelho, ele não menciona a ascensão de Cristo; em suas Epístolas, ele não aponta a posição celestial dos santos. Pelo contrário, ele se concentra no Senhor Jesus como o Verbo se fazendo carne, e vindo dos céus para a terra. A obra de João se segue à de Pedro e de Paulo, e isso supre a falta deles. João reúne, ao mesmo tempo, a primeira e a última vinda de Cristo, e a sua obra cobre toda a duração. Ele prega a pessoa de Cristo e a vida eterna. Apesar do fato de que, exteriormente, a dispensação tenha sido corrompida, a vida eterna permanece sem mudanças. Isso nós vemos nos dois últimos capítulos do evangelho de João. As obras de Pedro e de Paulo sofrem mudança dispensacional, mas a obra de João transcende a essa estrutura. Ele mostra o Senhor Jesus como a vida eterna que não pode ser mudada. Embora a igreja apóstata possa ser vomitada da boca do Senhor, o próprio Senhor permanece o mesmo (LADD, 2003).
Portanto, é extremamente importante que se compreenda as obras destes três apóstolos: Pedro fala da falha da igreja Judia; e Paulo, da falha da igreja Gentia. Após haverem acabado as obras de Pedro e de Paulo, João dá continuidade às suas obras: ele simplesmente narra a condição falida das igrejas de seu tempo. As igrejas sobre as quais João escreve são um tanto diferentes daquelas sobre que Paulo escreveu.
Nesse enfoque a visão teológica nos pensamentos dos apóstolos Paulo, Pedro e João é estudada por homens comprometidos com a verdade por várias gerações. Tudo isso possível graças à unidade essencial e harmonia dos seus textos, elos que só são possíveis pela inspiração superior de um Deus, fazendo com que haja um corpo teológico que se nutre da história nas Escrituras.
[4]Ello es posible dada la unidad esencial y la armonía de la revelación en su desarrollo. En la Biblia observamos, paralelamente a una línea histórica bien marcada, una línea teológica que interpreta y da valor a la historia. Esta segunda línea, pese a la diversidad de circunstancias cambiantes que la envuelven, mantiene su continuidad e invariabilidad. Con diferencia de matices, de énfasis, de profundidad, de lenguaje incluso, se mantienen desde el principio hasta el fin de la revelación las mismas concepciones de Dios, del hombre, del pecado, de la gracia, de la redención. Podemos, pues, hablar de una teología bíblica, fundamento de toda teología sistemática, y descartar la idea de una pluralidad de teologías sostenida por algunos [...] no lo tiene afirmar la existencia de diferentes teologías (paulina, petrina, joanina, etc.) en el Nuevo Testamento, independientes y en algunos puntos contradictorias entre sí. Nadie negará la diversidad de enfoques y acentos que cada escritor bíblico da a los temas doctrinales que trata, pero esa diversidad no equivale a pluralidad de teologías. Señala más bien una unidad teológica polifacética, como era de esperar en el campo, amplio y complejo, de las doctrinas contenidas en la Biblia. (MARTINEZ, 1984, p. 217 e 218).

            Deve-se lembrar que a Bíblia Sagrada é o meio pelo qual a revelação de Deus vem até o homem, e esta revelação inclui um conjunto de fatos e as verdades com um fundo doutrinário e didático. Este conjunto é orgânico, é coerente com cada parte o qual mantém uma relação harmoniosa com o todo. Não há inconsistências ou contradições entre elas, sendo assim, o que os evangelhos sinóticos falam os pensamentos joaninos, paulinos e petrinos ratificam.
Fica um questionamento acerca da teologia joanina. Por conseguinte o problema teológico que nos coloca a teologia joanina não é a pergunta em si muito válida até que ponto os relatos sobre Jesus e as palavras de Jesus no evangelho de João apresentam noticias historicamente fidedignas. A pergunta teológica decisiva é: se essa imagem de Jesus feita pela fé pode ou não ser compreendida como interpretação correta do agir divino na pessoa de Jesus sob o ângulo da situação da comunidade de fé na época tardia do cristianismo primitivo? Embora todos os Evangelhos do cânon sagrado tenham em Jesus o seu eixo, diferente dos sinóticos, João apresenta um Jesus mais enfático, onde o “Eu” está sempre em destaque, indicando Jesus de forma mais direta. Ele ainda apresenta um forte dualismo (luz x trevas, carne x espírito, etc.), utiliza-se de um grego mais simples em relação aos demais, trazendo um foco teológico e não histórico. O quarto evangelho devido a suas profundezas teológicas tornou-se fonte de inspiração de várias literaturas por várias gerações (LADD, 2003).





[1] Teólogo e escritor protestante alemão (1884 – 1976). Estudou teologia nas Universidades de Tubinga, Berlim e Marburgo. Professor nesta última universidade desde 1921 até a sua aposentadoria em 1951. Muito discutido, tanto nos círculos protestantes quanto nos católicos, por sua interpretação dos Evangelhos, da pessoa histórica de Jesus e de sua mensagem, aplicou as normas da crítica histórica do século XX, assim como o método das formas ao texto bíblico. Esteve em contato com as correntes filosóficas modernas, valendo-se, principalmente, da análise existencial de M. Heidegger. De imensa erudição e capacidade, é uma figura importante e discutida do pensamento cristão atual.
(BULTMANN, Rudolf. Crer e Compreender. Artigos Selecionados. Editor: Walter Altmann. Trad. Walter O. Schlupp e Walter Altmann. Editora Sinodal. São Leopoldo, RS. 1987).
[2] Albrecht Ritschl foi um grande teólogo do protestantismo liberal alemão. Nasceu em Berlim em 1822 e faleceu em 1889. Tornou-se bispo e um grande pesquisador, estudando teologia em Bonn e em Halle. Foi professor em Halle e em Göettingen. Foi influenciado por pensadores como Immanuel Kant, Friedrich Hegel e Friedrich Schleiermacher. Em seus estudos deu ênfase ao Novo Testamento, História do Cristianismo e Dogmática. Essa ênfase é claro em sua obra Die Christliche Lehre von der Rechtfertigung (A Doutrina Cristã da Justificação e Reconciliação) publicada em 1870 em três volumes. Como teólogo protestante alemão, estudou não somente o novo testamento, mas também a grande figura do protestantismo, Martinho Lutero. Como liberal, a ortodoxia protestante encontrou resistência no teólogo, que procurou reinterpretar o luteranismo a partir de seu liberalismo.

(Recuperado do site: <http://bloghistoriacritica.blogspot.com/2009/11/ritschl-albrecht.html> Acesso em: 16 de jul de 2011).
[3] Ele nasceu em Stetten (agora uma parte da Kernen , Baden-Württemberg ), em Württemberg . From 1857 to 1861 he studied at the University of Tübingen under FC Baur , and afterwards in England and Scotland . De 1857 a 1861 ele estudou na Universidade de Tübingen sob FC Baur , e depois na Inglaterra e na Escócia . He then entered the ministry, became "repetent" at Tübingen, and for a short time held a pastorate at Heilbronn (1868). Ele então entrou no ministério, tornou-se "repetent" em Tübingen, e por um curto espaço de tempo realizou um pastorado em Heilbronn (1868). In 1870 he became chief pastor and superintendent at the University of Jena and soon afterwards professor ordinarius of theology, but in 1875 he was called to the chair of systematic theology at Berlin, having made his name by a series of articles on New Testament criticism and Johannine and Pauline theology, which appeared in Adolf Hilgenfeld 's Zeitschrift für wissenschaftliche Theologie , and by his Der Paulinismus , published in 1873. Das Urchristentum, seine Schriften und Lehren, in geschichtlichen Zusammenhang beschrieben was published in 1878 and considerably enlarged for a second edition in 1902. Em 1870 ele se tornou pastor-chefe e superintendente da Universidade de Jena e logo depois ordinarius professor de teologia, mas em 1875 ele foi chamado para a cátedra de teologia sistemática em Berlim, tendo feito o seu nome por uma série de artigos sobre Novo Testamento crítica e joanino e teologia paulina, que apareceu em Adolf Hilgenfeld 's Zeitschrift für Theologie Wissenschaftliche, e por sua Paulinismus Der, publicado em 1873. Das Urchristentum, Schriften und seine Lehren, em geschichtlichen Zusammenhang beschrieben foi publicado em 1878 e consideravelmente ampliada para uma segunda edição em 1902. (Origem: Wikipédia).
[4] Isto é possível por causa da unidade essencial da revelação e harmonia no seu desenvolvimento. Na Bíblia vemos, em paralelo com uma história bem marcada, uma linha teológica que interpreta e dá valor à história. Esta segunda linha, apesar da variedade de alteração das circunstâncias que a rodeiam mantém a continuidade e constância. Com diferença de tonalidades de ênfase, a profundidade, a linguagem, mesmo mantido desde o início até o fim da revelação as mesmas concepções de Deus, o homem, o pecado, a graça, a redenção. Podemos, portanto, falar de uma teologia bíblica, fundamento de toda teologia sistemática, e descartar a idéia de uma pluralidade de teologias realizada por alguns [...] não tem que afirmar a existência de diferentes teologias (Paulina, Petrina, Joanina, etc.) no Novo Testamento, independente e em alguns pontos contraditórios entre si. Ninguém vai negar a diversidade de abordagens e ênfases que cada escritor bíblico dá a questões doutrinárias envolvidas, por essa diversidade e não pluralidade igual de teologias. Pontos em uma multifacetada unidade teológica, como esperado no campo, amplo e complexo das doutrinas contidas na Bíblia. (MARTINEZ, 1984, p. 217 e 218) Tradução.

VISÃO GERAL DO MUNDO GRECO-ROMANO DO PRIMEIRO SÉCULO

INTRODUÇÃO
              Quando se procura restabelecer o texto original de uma fonte escrita onde o seu autógrafo não mais existe, abre-se um hiato ainda maior na transposição dessa literatura, principalmente quando se sabe que o texto relaciona-se à Bíblia Sagrada, ou mais precisamente ao Novo Testamento – assunto em estudo desse compêndio – e que tem estabelecido as bases do cristianismo com suas características teológicas, materiais históricos, políticos, religiosos e doutrinários.
            O material com que os críticos textuais trabalham, ou seja, as cópias manuscritas destes livros e epístolas na língua original, o grego, são uma das formas que a reconstrução da história cristã pôde atingir seu ápice ao mundo contemporâneo e somado a fé de todos que professam uma assertiva confiança em Jesus Cristo, o tema central das Escrituras. A esse cuidado no estudo sistemático diante desta diversidade nos documentos (só o Novo Testamento é responsável pela composição de 27 livros canônicos) é que se percebe a existência de uma forte e fundamental unidade entre eles, escritos num período de tempo bem menor, é verdade, que os do Antigo Testamento, mas que traduzem uma importante construção de uma religião – cristianismo – acrescida pelo testemunho de fiéis, pela tradição oral e pelo envolvimento dos líderes com seus liderados no transcorrer da história.
            A literatura desenvolvida nesse trabalho, assim como sua perspectiva teológica e crítica, é ortodoxa e evangélica, porém, se fez necessário em algumas laudas comparar alguns textos com literaturas apócrifas e outras não-ortodoxas que, além de enriquecerem o mesmo, comprovam ainda mais a autenticidade do cânon do Novo Testamento e empreendem uma teologia Bíblica adequada, com uma infra-estrutura fornecida pelo Antigo Testamento – base esta que seria impossível separar.

1 – Antecedentes Políticos, Culturais e Religiosos do Novo Testamento: O Cenário Intertestamentário
           
O Novo Testamento, com seus vinte e sete livros compõem a 2ª parte da Bíblia Sagrada, porém tem somente um terço do volume da 1ª parte, o Antigo Testamento, que passa a cobrir um período de milhares de anos em contraposição a menos de um século da história neo-testamentária.
O enredo do Antigo Testamento se finda com o cativeiro imposto pela Assíria ao reino do Norte (Israel) e do cativeiro babilônico do reino Sul (Judá). Os estudiosos são de acordo que os quatro séculos, após o regresso, à Palestina de parte dos exilados cativos dividem os dois testamentos e denomina-se o período [1]intertestamentário, ou os quatrocentos anos de silêncio nos registros sagrados e pelas vozes dos profetas. É durante esse período que grandes nomes surgem no cenário político, e um deles é Alexandre o Grande, que se tornou o senhor do antigo Oriente Médio, quando derrotou vários adversários durante a sua breve vida, expandindo sobremaneira a cultura grega. Após a morte deste notável líder, lutas internas pelos seus principais generais e posteriormente externas, após a investida dos Macabeus, fazem com que os judeus, antes cativos, recuperassem a liberdade religiosa, consagrassem novamente o templo e conquistassem a Palestina, a qual, anos mais tarde um general romano, chamado Pompeu, a conquista (63 A.C.), de modo que, durante o período do Novo Testamento, esta, estava sobre o domínio de Roma (GUNDRY, 2007).
A grande maioria dos estudiosos é de acordo que tanto judeus, como gregos e romanos contribuíram para a preparação religiosa do messias. Roma antiga traduziu a maior e mais completa organização política e grande unidade aos seus cidadãos sob uma lei universal, que criou um ambiente favorável à aceitação do Evangelho; a expansão geográfica dos romanos e seu poderio imperial tornaram maior a livre movimentação em torno do mundo mediterrâneo, e naturalmente mais fácil a propagação do Evangelho pelos primeiros cristãos, contudo, foi através do ambiente intelectual deixado pelos gregos que os homens desenvolveram-se culturalmente. O [2]helenismo é visto desde a língua oficial, o grego – precisamente o dialeto koinê – que os indivíduos conseguiram se comunicar com outros povos do mundo antigo, até a filosofia grega, que põe à parte a imposição das antigas religiões e força o homem a passar a decidir através da razão inteligível em busca das necessidades espirituais; ocasião em que o Cristianismo pôde receber mais facilmente aceitação entre as pessoas, que podiam preencher plenamente o vazio que falsas religiões, deuses estranhos e falsas filosofias não podiam preencher (CAIRNS, 2006).
Os judeus formam a herança central do Cristianismo e é deles que pressupõem a existência perfeita de Deus e aperfeiçoam o culto e suas formas. A salvação viria dos judeus, como Cristo afirmou àquela mulher no poço (Jo. 4;22). O judaísmo adotava o monoteísmo e era totalmente contrária a grande maioria das religiões pagãs da época; a lei judaica tem o mais perfeito sistema ético na moral individual e coletiva; as profecias messiânicas tiveram seu grande cumprimento no Novo Testamento; tornaram possível uma filosofia da história; e legaram à Igreja em formação o Antigo Testamento. Positivamente, os judeus ajudaram a preparar a “plenitude dos tempos”, quando o Emanuel veio salvar os homens, e significativamente, apenas o Judaísmo e o Cristianismo, dentre tantas religiões praticadas no império romano, tenham sobrevivido ao curso da história da humanidade (CAIRNS, 2006).
Os romanos podem ter conquistado os gregos pela força, mas a influência do helenismo apodera-se da mente dos romanos, e neste duelo entre físico e intelecto, fica difícil dizer quem conquistou quem. É nesse ínterim que os Judeus dão significado à história, tornando-a linear, num processo de evolução e permissão divina, no qual o Jeová soberano criou a história e a preparou para a chegada do seu Filho.

2 – O Ambiente no Primeiro Século do Novo Testamento D.C.

         As questões relacionadas ao caráter circunstancial, à diversidade e à evolução do pensamento decorrem da natureza e da história documental dos registros neo-testamentários, ou seja, a coleção destes livros é fruto do processo evolutivo e da divisão em duas fases principais: a primeira fase narra a história breve do ministério de Jesus Cristo aproximadamente em 30 d.C., e a segunda fase consiste no período depois da morte do Messias, onde os cristãos crescem, desenvolvem-se e propagam a mensagem do Evangelho.
O limite entre as duas fases está obscurecido pelo fato de os evangelhos terem sido escritos somente durante a segunda fase (e, de acordo com a visão geral, bem no final do período), de forma que, até certo ponto, refletem inevitavelmente os interesses e a perspectiva dessa etapa. Portanto, existe um delicado problema de caráter histórico na tentativa de se descobrir exatamente o que Jesus disse e fez, e a forma como Ele teria sido visto pelas pessoas de seu tempo (MARSHALL, 2007, p. 20).
            O ambiente secular do Novo Testamento era bastante mesclado pelas culturas, religiões, costumes, e basicamente, três povos (como já citados) compunham a base desse sistema social, ou seja, gregos, romanos e judeus. Apesar de o latim ser a língua oficial do império romano, era o grego o idioma comum, principalmente entre os habitantes da Palestina, que também falavam o aramaico e o hebraico. As estradas do império romano eram famosas, embora na Palestina o sistema de rodovias fosse deficiente. Pessoas viajavam de pé, em lombo de burros, a cavalo, ou em carruagens e liteiras, dependendo do nível social do indivíduo. Num conjunto, estradas, rios e o mar Mediterrâneo eram responsáveis pelas linhas de comunicação, onde cartas e documentos, feitos de papiro, óstracos, tabletes recobertos de cera, e o couro ou o pergaminho caso fosse um manuscrito importante. As casas de moradia dos romanos (porção ocidental) eram, na zona urbana, construídas de tijolos e concretos, e na zona rural, casas de madeira ou cabanas; na porção oriental as casas eram feitas de estuco e de tijolos cozidos ao sol. As cidades e moradias na Palestina eram diferentes e bem atrasadas das greco-romanas, e eram baixas e com cobertura plana, edificadas de tijolos de barro amassados com palha e ressecados ao sol. Geralmente a sociedade pagã era vigorosamente diferenciada, contrária as classes sociais judaicas que procuravam nivelar de forma mais adequada, a exemplo, a família era a unidade social básica e tida como dádiva dos céus. Deve-se acrescentar que as questões relativas à moralidade eram bastante baixa, atribuição às divindades pagãs que influenciavam os meios sociais da época (GUNDRY, 2007).

3 – Tendências Religiosas do Período Greco-Romano

            “O mundo durante o primeiro século da era cristã fez um progresso triunfal mesmo diante das adversidades, contudo “[...] o judaísmo foi o berço em que cresceu o cristianismo, e com essa fonte tem uma dívida sem igual [...] ele marcou profundamente [...] a liturgia e o ministério da igreja, e principalmente seu ensino [...]” (KELLY, 2009, p. 05). Quando se verifica esse fato, deve-se perceber que tanto o judaísmo da Palestina, quanto a versão helenizada e propagada em Alexandria é influenciada, um na era apostólica, quando caracteriza o pensamento dos escritores do Novo Testamento, no entanto não deve ser negligenciado o fato dos cristãos romperem com os judeus, e o outro quando as idéias gregas ganham espaço no intelecto humano que floresceu em Alexandria (a exemplo, o surgimento da Septuaginta, a tradução grega do Antigo Testamento), os moldes da teologia cristã começam a prevalecer sobre os anteriores, “[...] isso explica, por exemplo, por que o ensino dos pais apostólicos, embora não seja estritamente não-ortodoxo, muitas vezes soa estranho quando julgado por padrões posteriores [...]” (KELLY, 2009, p. 05). A teologia judaico-cristã continua exercendo grande influência mesmo depois do primeiro século, destarte a filosofia greco-romana era a religião mais profunda dos indivíduos que proporcionaram tanto a cristãos quanto a não-cristãos, uma estrutura intelectual para exporem suas idéias numa transição nem sempre positiva, porém negativa para o gnosticismo.
            Os romanos eram de certo modo ecléticos em sua vida religiosa e toleravam toda religião desde que esta não interferisse no culto ao Estado e ao imperador. Esses sistemas de religiões certamente tentavam oprimir a igreja cristã primitiva, porém mesmo com esse cenário confuso religioso é que se construíam os alicerces do cristianismo. “[...] Parece paradoxal que o principal centro de inimizade contra Cristo tenha sido a cidade onde a religião cristã começou. Mas esta é a realidade [...]” (CAIRNS, 2006, p. 45), principalmente pela mesma manter uma posição de liderança na comunidade cristã da antiguidade.
            É de se pressupor que o paganismo dominava a época, desde o [3]panteão grego – absorvido pelos romanos – até a prática de Roma em atribuir atributos divinos aos governantes, também muito se tem escrito sobre a larga popularidade e influência forte das religiões misteriosas dos gregos, egípcios e povos orientais sobre este primeiro século da era cristã, que prometiam imortalidade e purificação das pessoas. Superstições estavam firmemente entrincheiradas nas mentes da maioria dos povos do império greco-romano, com fórmulas mágicas, consultas de horóscopos, oráculos e exorcistas profissionais.
            “Tal como a grega, a religião romana não possuía dogmas, sacramentos ou qualquer crença em recompensas e punições numa vida futura [...]” (DAMIÃO, 2007, p. 164), portanto a religião romana primava nitidamente pela política e era menos humanista em seus objetivos, principalmente em função da expansão do seu poderio sobre os estados helenísticos, “[...] enquanto a civilização romana atinge seu máximo esplendor, na extremidade oriental do Império, na pequena Palestina, nasce o cristianismo [...]” (DAMIÃO, 2007, p. 167), que enfrentaria dez grandes perseguições segundo a história.

  


[1] A Expressão “400 anos de silêncio”, freqüentemente empregada para descrever o período entre os últimos eventos do A.T. e o começo dos acontecimentos do N.T. pode não ser apropriada. Embora nenhum profeta inspirado se tivesse erguido em Israel durante aquele período, e o A.T. já estivessem completos aos olhos dos judeus, certos acontecimentos ocorreram que deram ao judaísmo posterior sua ideologia própria e, providencialmente, prepararam o caminho para a vinda de Cristo e a proclamação do Seu evangelho.
(Adaptado de “From Malachi to Matthew”, de Charles F. Pfeiffer.
Fonte:  “A Bíblia Anotada).


[2] Helenismo é um termo que designa tradicionalmente o período histórico e cultural durante o qual a civilização grega se difundiu no mundo mediterrânico, euro-asiático e no Oriente, fundindo-se com a cultura local.
Da união da cultura grega com as culturas da Ásia Menor, Eurásia, Ásia central, Síria, África do Norte, Fenícia, Mesopotâmia, Índia e Irã, nasceu a civilização helenística, que obteve grande destaque em nível artístico, filosófico, religioso, econômico e científico. O helenismo se difundiu do Atlântico até o rio Indo. Do ponto de vista cronológico, o helenismo se desenvolveu da morte de Alexandre, o Grande, da Macedônia (323 a.C) até 147 a.C (anexação da península grega e ilhas por Roma).
(Recuperado do site < http://www.suapesquisa.com/grecia/helenismo.htm>. Acesso em 10 de jul de 2011).

[3] Compreendem o conjunto de mitos, lendas e entidades divinas e/ou fantásticas, (deuses, semideuses e heróis) presentes na religião praticada na Grécia Antiga, criados e transmitidos originalmente por tradição oral, muitas vezes com o intuito de explicar fenômenos naturais, culturais ou religiosos - como os rituais - cuja explicação não era evidente. As fontes remanescentes da mitologia grega ou são transcrições dessa oralidade, ou trabalhos literários feitos em tempos posteriores à criação dessa oralidade. Os historiadores da mitologia grega têm, muitas vezes, de se basear em dados fragmentários, descontextualizados (fragmentos de obras literárias, por exemplo) ou através de indícios transmitidos na iconografia grega (principalmente, os vasos gregos) para tentarem reconstituir a riqueza narrativa e conceptual de uma das mitologias mundiais que mais interesse desperta.
(Recuperado do site: <http://www.ocultura.org.br/index.php/Mitologia_grega>. Acesso em 09 de jul de 2011).

sexta-feira, 13 de junho de 2014

Como podemos provar que a Igreja pertence a Cristo e não aos homens?

Jesus é o bom pastor e deu a sua vida pela Igreja, Ele amou a sua Igreja (Jo 3.16; Ef 5.25; Jo 17.17).
A Igreja de Cristo é vista através de um ramo da teologia chamada de eclesiologia que é o estudo referente às coisas da igreja – eklesia: chamados para fora... Do Egito... Do mundo; reunião ou ajuntamento daqueles que foram retirados do pecado. A Igreja é:
Ø  Comunidade de cristãos que se reúnem em uma casa (Cl 4.15);
Ø  Comunidade de cristãos que se reúnem em uma cidade, igreja local (At 11.22);
Ø  Uma ou várias comunidades de cristãos, uma assembleia de pessoas chamadas povo de Deus (Hb 2.12; At 9.31);
Ø  Comunidade de cristãos no sentido mais amplo, de todo aquele por quem Cristo morreu (Ef 5.25).
A expressão igreja remete à criação, no Éden com Adão e Eva, e avança até a volta de Jesus. A igreja primitiva começa abrir um espaço entre a sociedade e mesmo sofrendo perseguições impõe sua presença como comunidade cristã, e na sequencia os Pais da igreja vivenciam também essa expansão. Por volta de 312 d.C. Constantino (272-337) institucionaliza a igreja centralizando o poder ao Estado e afastando o propósito central da fé cristã. Com a Reforma Protestante em 517, este vínculo entre igreja e estado é quebrado e os reformadores fazem voltar ao propósito original das Escrituras mostrando que somente Cristo é o mediador e senhor, cabeça da igreja universal, invisível, formada por santos salvos e da igreja local, visível, formada por salvos e não salvos.
Perante a Reforma ambas são instituições divinas: Igreja e Estado. O Estado, então, possui algumas responsabilidades, ou seja:
Ø  Proteger o serviço externo de Deus (a igreja visível);
Ø  Defender o sadio ensino da piedade e a condição da igreja;
Ø  Regular as nossas vidas para a sociedade humana;
Ø  Moldar a nossa moral para a justiça civil;
Ø  Reconciliar-nos uns com os outros;
Ø  Fomentar a paz e a tranquilidade comum.
Por outro lado a igreja local possui responsabilidades sociais:
Ø  Didática: instruções públicas e particulares de pastores e mestres em orientar os fiéis ao ensino bíblico relativo aos bens que a igreja possui (mordomia cristã), instruir quanto o valor do trabalho e do descanso e no exercício do ministério que a igreja deve ter, como disciplinar os membros faltosos;
Ø  Política: através da oração (At 4. 23 a 31);
Ø  Social: A própria Reforma Protestante (escolas, saneamento, educação).
As qualidades das igrejas locais as distinguem das demais, são também chamados de os atributos da igreja, são eles:
Ø  Unidade: interna e espiritual através da fé que ligam os membros a Deus (Ef 4);
Ø  Santidade: um processo de formação do caráter humano ao caráter de Deus através de Cristo (I Pe 1.15; 3. 15). Esta santidade não tem nada a ver com o comportamento intelectual ou ritualístico, mas tem a ver com a obra realizada pelo Espírito Santo (I Co 6. 19 e 20; I Ts 4. 3 a 8; II Ts 2.13). A santidade conduz a perfeição (Ef 1.4; Fl 1.1);
Ø  Catolicidade: Essa palavra remete a ‘universal’, por toda a parte da terra, nação, povo. Na antiga aliança o povo pertencia a Israel (Is 6.1). Se o próprio Israel não tivesse rejeitado a Cristo a salvação não viria aos gentios, pois estes só poderiam tornar-se filhos de Deus se converter-se ao judaísmo e a circuncisão, porém, através da nova aliança Cristo alcança os gentios (At 1.8; 7.9; Mc 16.15; Gl 3. 27 e 28; Ap 5.9);
Ø  Apostolocidade: É apostólica pois é fundamentada na doutrina dos apóstolos (Ef 2.20) e a fidelidade com a sua doutrina (I Co 3. 10 e 11), visto que os apóstolos testemunharam a obra vicária de Cristo (At 1.22; 3.6; 9.15) e foram os instrumentos inspirados por Deus para compilação do Novo Testamento (II Pe 1.20 a 21). Este último atributo, devido a sua diversidade não é muito explorado pelos teólogos.
A igreja visível se constitui por denominações e várias comunidades locais de crentes; nenhuma é perfeita, porém, a igreja cristã verdadeira possui principais marcas que a identificam e a colocam em destaque, são elas:
Ø  A correta pregação da Palavra de Deus: As igrejas liberais pregam que a Bíblia contém a Palavra de Deus, contudo, erradamente; quando se faz corretamente o uso da pregação é porque há uma crença na inspiração e inerrância da Bíblia (I Tm 3.16; II Pe 1.20 e 21), crença no poder de salvação efetuado pela Bíblia (II Tm 3. 14 a 16; Rm 1.16; 10.17) e crença na utilidade plena da Bíblia (Sl 24; II Tm 3.16 e 17; Jo 17.17; Rm 15.4);
Ø  A correta administração dos sacramentos: Batismo (marca visível de pertencimento à nova aliança e juramento de fidelidade a Cristo até a morte e a santa ceia que o crente reafirma este juramento quando participa dela);
Ø  A correta administração da disciplina ou o fiel exercício da disciplina: Onde não há disciplina até os verdadeiros crentes tendem a se corromper. O apóstolo Paulo ordena exercer a disciplina eclesiástica (I Co 5.1 a 5, 13). Uma igreja não é verdadeira se negar a disciplina.
Existem também propósitos para o que a igreja existe, são eles:
Ø  A igreja existe para glorificar a Deus (Sl 96.7 e 8; Gn 1.26 ao 28; Sl 8.5;
Ø  A igreja existe para espalhar o Reino de Deus (I Co 15.24 a 28; Mt 16.18; At 26.17 e 18);
Ø  A igreja existe para fazer discípulos (Mt 28.19);
Ø  A igreja é o agente transformador da sociedade (Mt 5.13 a 16; Fl 2.5; Ap 7).

A Igreja invisível, formada por todos os salvos ao redor do mundo compartilham e vivem todas essas fases e formas em que a Eclesiologia explica e afirma, por isso, convém ser membro apto desse corpo místico o qual Cristo Jesus é o cabeça.
(Adaptado das aulas de Eclesiologia do STPN)

segunda-feira, 9 de junho de 2014

O Caráter do Líder que Deus Usa - Baseado no texto de Russel Shedd

            O grande diferencial em toda história bíblica resume-se na virtude que envolve a vida de um líder que possuem uma vida em santidade, uma plena sabedoria que discerne, vive a plenitude do Espírito e desenvolve um senso de servilidade em equilíbrio. O texto adaptado de Russel Shedd traça o perfil do homem que Deus usa em suas igrejas, não só como organizações, mas também como organismos espirituais que demonstram o caráter dos seus liderados espelhados no líder eficaz.
            As razões que geram confiança nos liderados e estes passam a seguir seus líderes podem alterar de uns para outros, porém no modelo bíblico, o caráter é o ponto principal na liderança efetiva. Liderar é ir muito além de gerenciar, enquanto o primeiro prioriza a eficácia, a direção e o propósito num longo prazo, o segundo enfatiza o controle, a eficiência e as regras que maximizam o lucro. O autor aponta traços que acompanham o caráter de um homem usado por Deus, são eles: Santidade – na qual ele precisa ser sensível ao pecado e possuir boa reputação, racionalizar os erros cometidos para não enfraquecer a consciência; Cheio do Espírito Santo – a realidade do Espírito na vida de um líder cristão é outro traço forte no caráter humano, pois através desse contato espiritual o ser humano encontra zelo e prova que ele não está sozinho; Sabedoria – esta é a qualidade que uma igreja precisa receber através do seu líder, e ela é mais do que mera inteligência, não usando a razão e a experiência para resolução de problemas, mas a pura sabedoria do alto, plena em misericórdia e bons frutos do Espírito; – é um traço espiritual central para todo bom líder e exigida aos selecionados para conduzir a igreja; Amor – o amor está presente no coração de um líder eficaz e esta qualidade é essencial na vida exemplar de um líder cristão; Servilismo – a disponibilidade é processo fundamental na trajetória de um líder autêntico, não privando a responsabilidade com o próximo, nesse caso a igreja de Cristo, enraizada em motivos corretos para glória de Deus.
            A liderança autêntica, conforme o autor não precisa usar da força bruta ou do engano para com seus liderados, mas eles constroem sua posição através da confiança que produz bons líderes que beneficiarão a comunidade eclesiástica local, da qual eles são líderes.
A Palavra de Deus é recheada de exemplos e também de sinônimos que refletem à liderança, tanto a boa, quanto a má. O autor aos Hebreus argumenta com seus leitores a autoridade, honestidade e zelo com a qual os líderes cumprem sua vocação entre seus seguidores (Hb. 13;17).
            A Bíblia é o guia para a perfeita liderança cristã e o alicerce para os que querem construir suas vidas como um grande representante do Reino de Deus aqui na terra; Em I Pedro ele orienta: “Sede santos, porque eu sou santo”, isto demonstra o padrão exigido por aqueles que servem ao Deus vivo, e não somente isso, em especial os que lideram. Sem dúvida a maior necessidade hoje da igreja é a liderança, pois o grave problema enfrentado por muitas igrejas locais na atualidade é a não conformidade dos padrões bíblicos de muitos líderes cristãos nomeio evangélico. O chamado à liderança é um padrão constante apresentado na Bíblia. Na lista de exigências para o ofício pastoral apresentado por I Timóteo 3; 2 as palavras irrepreensível, autocontrole, prudente, respeitável, apto para ensinar, amável e pacífico, entre outras, são alguns adjetivos que fortalecem o padrão bíblico para o perfil de um líder aprovado por Deus.
            Ele usa de uma sabedoria, não terrena, mas dos céus, para se posicionar perante Deus e os homens, os quais ele prestará conta de seus feitos naquele Grande Dia (Tg. 3; 17); Devem ser cheios do Espírito Santo, assim como foram os escolhidos para o diaconato em Atos capítulo 6. A Bíblia sempre aponta para uma liderança transformacional, onde o próprio líder necessita passar por processos sucessivos de reciclagem pessoal e a cada dia adaptar-se melhor ao chamado de Deus em sua vida (Dn. 1; 15) – aqui a capacidade de Daniel para liderar aumentou com a convicção que ele próprio tinha de Deus; ela percorreu desde sua mocidade e aperfeiçoou-se com o tempo maturação humana.
            Contudo, um grande aspecto da liderança cristã é o servilismo, ou a disponibilidade do líder para executar a obra a qual lhe foi entregue, sem autopromoção, sem ambição, mas com humildade, onde o próprio apóstolo Paulo utiliza o termo ‘servo’ enfatizando essa atitude (I Co. 4; 1), ou seja, nenhuma função na casa do Senhor deve ser desempenhada sem ser acompanhada por um ‘espírito de serventia’ cristã. Pode-se conhecer uma pessoa dando-lhe poder – esse adágio popular descreve no meio evangélico as brechas que surgem entre as escolhas de líderes preocupados somente com o poder e o sucesso daqueles que realmente fazem a diferença nestes dias hodiernos.
            Jesus, sem dúvida é o exemplo maior de líder e de humildade durante o seu ministério humano (Fp 2; 5 a 8), pelo qual outros líderes bíblicos seguiram seu exemplo e cada um com suas particularidades: Samuel um líder democrático (I Sm 8), Abraão um líder carismático (Gn 17; 1 a 8), Moisés um líder centrado nas pessoas (Ex 5; 22 e 23) e etc. O que não falta na Bíblia são exemplos de lideranças contrárias aos padrões éticos cristãos, um caso em particular é o de Saul, um líder autocrata (I Sm 15; 22 e 28), escolhido a pedido do povo, mas sem o prévio consentimento divino, contudo, nem sempre as escolhas humanas são as melhores, mas quando Deus realiza todo o processo, líder e liderados são compensados.
Vive-se em uma sociedade que é rodeada por exemplos de líderes, homens e mulheres que administram organizações, desde a pequena ao grande porte, contudo conduzem seus processos de gestão pensando somente na fama e na busca do lucro imediato, não valorizam o capital humano, que deveria ser sua maior riqueza; muitas igrejas locais vivem esse mal deste século e infelizmente recorrem a ‘fórmulas’ que se baseiam no prestígio pessoal e na promoção do líder somente. Práticas essas contrárias aos ensinos de Jesus Cristo, o líder por excelência.
            A condição morna de muitos líderes atuais força ao uso dos púlpitos somente para apelarem e exaltarem o ego humano, enquanto que a Palavra doutrinária e verdadeira não alcança conforto nos corações dos liderados que são motivados às questões pessoais. O próprio Jesus colocou de lado sua própria vontade para fazer a vontade do Pai, um exemplo de resiliência e serviço cristão, pois, ser líder é ser servo submisso e ser principalmente honesto consigo mesmo. O verdadeiro líder cresce a partir de uma aptidão eficaz de suas habilidades preservando sua autoridade humilde e complacente com as doutrinas cristãs.
            Uma das coisas mais importantes da liderança cristã é o exemplo, ou seja, saber conduzir os liderados prestando um primoroso trabalho, sem brechas, sem fendas que comprometam sua integridade, como homem, como família, como cidadão, como cristão e principalmente como líder. Liderar parte da premissa de que primeiro houve um chamamento baseado em uma promessa existente na vida humana da parte de Deus e depois da boa execução dessa chamada durante sua vida. Há muitos chamados, mas pela vontade humana, tal qual Saul são escolhas do acaso, da necessidade de apenas preencher uma vaga existente sem esperar o plano Divino, são escolhas puramente da razão humana sem a intervenção da fé, da promessa, da virtude e da autoridade e ordenança de Deus.